Na última segunda-feira (13), o Santa Cruz deu um grande passo ao assinar uma proposta vinculante para se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A proposta prevê a venda de 90% do clube, com um investimento estimado de R$ 1 bilhão, sob a gestão da Cobra Coral Participações S/A, operada pela REAG Investimentos.
Embora a assinatura represente um avanço, ainda há diversas etapas a serem cumpridas antes da implementação definitiva do modelo, que promete trazer estabilidade financeira e competitividade ao clube.
Etapas Restantes: Due Diligence e Recuperação Judicial
Conforme comunicado oficial do Santa Cruz, os próximos passos incluem:
O advogado especializado em Direito Desportivo, Felipe Crisafulli, destacou que a due diligence é uma prática padrão em operações de compra e venda. "Essa análise busca evitar problemas futuros, avaliando todas as documentações e a situação financeira de ambas as partes", explicou.
Perspectivas e Desafios para a SAF Coral
O futuro responsável pela gestão esportiva do clube, Vinícius Diniz, ressaltou que o início da operação da SAF não será imediato. “Ainda há uma série de trâmites legais e ajustes que precisam ser realizados, tanto do nosso lado quanto do clube. A proposta vinculante é apenas o início desse processo”, esclareceu.
Especialistas apontam que a constituição da SAF exige cautela e planejamento estratégico. Irlan Simões, jornalista especializado no tema, destacou que o Santa Cruz deve aprender com experiências de outros clubes para evitar erros. “É fundamental criar garantias no processo e alinhar as expectativas em relação ao investimento de R$ 1 bilhão, que inclui projeções como vendas de jogadores e receitas complementares”, disse.
Comparações com Outros Clubes e Modelos de SAF
No Nordeste, os modelos de SAF mais bem-sucedidos até agora são os de Fortaleza e Bahia, mas as situações não são diretamente comparáveis. Enquanto o Fortaleza não recebeu aporte financeiro externo, o Bahia foi integrado ao maior grupo multi-clube do mundo, o City Football Group.
Segundo Irlan, o caso mais próximo ao do Santa Cruz é o do América-RN, que compartilha características como crises financeiras prolongadas e parcerias com grupos de investimento. Contudo, o jornalista ressalta que o Santa Cruz negocia com profissionais experientes no futebol, o que pode trazer uma vantagem competitiva.
Promessas e Realidade do Investimento
Embora o valor anunciado de R$ 1 bilhão chame atenção, ele não representa um aporte direto, mas sim uma soma de receitas futuras projetadas, incluindo vendas de atletas e outras fontes de renda. Para garantir o sucesso do modelo, especialistas recomendam transparência e o cumprimento rigoroso das promessas feitas aos sócios e à torcida.
Próximos Passos e Expectativas
O Santa Cruz ainda precisa passar por assembleias cruciais, tanto de sócios quanto de credores, além de alinhar os ajustes necessários no plano de recuperação judicial.
A expectativa da torcida é alta, mas a implementação definitiva da SAF dependerá de como o clube e os investidores conduzirão este momento histórico.