O Brasil se despede de Léo Batista, ícone do jornalismo esportivo e pioneiro da comunicação, que faleceu neste domingo, aos 92 anos. Com uma trajetória profissional de 76 anos, o apresentador consolidou-se como uma das vozes mais marcantes da mídia brasileira, destacando-se por sua atuação no rádio, televisão e dublagem.
Batista estava internado no hospital Rios D’Or, no Rio de Janeiro, onde lutava contra um tumor no pâncreas. Mesmo aos 92 anos, continuava em atividade na TV Globo, emissora onde trabalhou por 55 anos. Viúvo desde 2022, após o falecimento de sua esposa Leyla Chavantes Belinaso, ele mantinha o desejo de continuar trabalhando, como revelou em depoimentos recentes.
Os Primeiros Passos: Do Interior ao Rádio Nacional
Natural de Cordeirópolis, interior de São Paulo, Léo Batista iniciou sua carreira como locutor em um serviço de alto-falante na praça da cidade. Seu talento foi rapidamente reconhecido, levando-o à Rádio Clube de Birigui e, posteriormente, à Rádio Difusora de Piracicaba.
Mesmo trabalhando no interior, destacou-se ao cobrir a Copa do Mundo de 1950. Esse marco o impulsionou a se mudar para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Globo em 1953.
No rádio, protagonizou momentos históricos, como ser a primeira voz a noticiar o suicídio do presidente Getúlio Vargas, em 1954, no programa Globo no Ar.
A Chegada à Televisão e o Reconhecimento Nacional
Com o surgimento da televisão, Léo Batista decidiu se aventurar no novo meio. Em 1955, entrou na TV Rio, onde apresentou o Telejornal Pirelli, concorrente do Repórter Esso.
Em 1970, foi convidado por Boni para integrar a equipe da TV Globo, onde brilhou como apresentador e criador de programas icônicos como o Esporte Espetacular (1973) e o Globo Esporte (1978). Também foi o primeiro a apresentar o Jornal Hoje e participou da estreia do Fantástico, interagindo com a famosa Zebrinha na divulgação dos resultados da loteria esportiva.
Uma Voz Presente em Momentos Históricos
Além de ser um dos principais nomes do esporte, Léo Batista participou de coberturas que marcaram a história do Brasil e do mundo. Ele esteve em 13 Copas do Mundo e 13 Jogos Olímpicos, além de noticiar eventos como a morte de Ayrton Senna, a tragédia da princesa Diana e outros momentos memoráveis.
"Eu tive sorte de estar no lugar certo e na hora certa em muitos desses momentos", dizia Batista. Sua emoção ao noticiar acontecimentos marcantes sempre foi equilibrada por um profundo senso de profissionalismo.
Talentos Além do Jornalismo
Léo Batista também explorou outras áreas da comunicação e das artes. Ele foi dublador, marcando gerações como narrador dos desenhos animados da Marvel nos anos 1960. Além disso, se dedicou à música, à pintura, à literatura e ao humor, mostrando uma versatilidade rara.
O Legado de um Comunicador Inesquecível
Conhecido como "A Voz Marcante", Léo Batista será lembrado não apenas por sua contribuição ao jornalismo esportivo, mas também por sua paixão pelo ofício e seu carisma. Ele inspirou gerações de comunicadores e se manteve relevante em uma carreira que atravessou as principais mudanças tecnológicas e culturais da mídia brasileira.
"Eu não imagino uma vida sem o trabalho", disse ele em um de seus últimos depoimentos. Essa dedicação inabalável à comunicação foi, sem dúvida, o grande legado de Léo Batista.
Hoje, o Brasil perde uma de suas maiores referências, mas sua história continuará ecoando como um exemplo de profissionalismo, inovação e amor à profissão.