O Presídio de Igarassu, localizado na Região Metropolitana do Recife, foi parcialmente interditado após a deflagração da Operação La Catedral, realizada pela Polícia Federal (PF) na terça-feira (25). A ação investiga um suposto esquema de corrupção e tráfico de drogas dentro da unidade prisional. Como consequência, novos detentos não poderão ingressar no presídio por um período de 60 dias.
A decisão foi oficializada por meio de uma portaria conjunta, assinada pela juíza Orleide Rosélia Nascimento Silva, da 1ª Vara Regional de Execuções Penais, e pelo promotor Rinaldo Jorge da Silva, da 21ª Promotoria de Justiça da Capital, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Superlotação agravou decisão judicial
Além da investigação, a decisão judicial destaca que a população carcerária do Presídio de Igarassu ultrapassa 6 mil detentos, excedendo em mais de três vezes a capacidade máxima da unidade. Diante disso, a portaria determina que presos provisórios sejam transferidos para cadeias públicas de suas respectivas comarcas no prazo de até 30 dias, exceto nos casos em que não houver unidades prisionais disponíveis.
Além disso, o documento obriga a direção do presídio a enviar relatórios semanais à 1ª Vara Regional de Execução Penal, informando a quantidade de detentos, para que a situação seja avaliada periodicamente.
Operação La Catedral: esquema criminoso no sistema prisional
A Operação La Catedral tem como alvos detentos e policiais penais que, segundo as investigações, estariam envolvidos em crimes dentro do presídio. Entre os principais suspeitos, estão:
Além deles, a Justiça decretou prisão preventiva para:
A investigação apontou indícios de que funcionários públicos e presos participavam de um esquema ilícito de facilitação de entrada de drogas e celulares no presídio, além de lavagem de dinheiro e corrupção.
Decisões judiciais e afastamento de servidores
O juiz José Romero Maciel de Aquino, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), determinou uma série de medidas judiciais para aprofundar as investigações, incluindo:
Busca e apreensão no
gabinete da direção do presídio
Afastamento de dois servidores da unidade
Investigação de corrupção e facilitação da entrada de ilícitos no presídio
Os envolvidos poderão responder pelos crimes de:
Reações e posicionamentos oficiais
Após a deflagração da operação, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (SEAP) divulgou uma nota oficial afirmando que não compactua com atos ilícitos dentro do sistema prisional e que irá colaborar integralmente com as investigações.
O Sindicato dos Policiais Penais do Estado de Pernambuco (SINPOLPEN-PE) também se pronunciou, reforçando seu compromisso com a legalidade e ética no exercício da profissão:
"Reiteramos nosso compromisso com a legalidade, a ética e a defesa dos direitos fundamentais, destacando que todo cidadão tem direito à presunção de inocência, conforme previsto na Constituição Federal".
Impactos da interdição do presídio e próximas etapas
A interdição parcial do Presídio de Igarassu gera um impacto significativo no sistema carcerário do estado, que já enfrenta problemas estruturais e superlotação crônica. Com a suspensão do ingresso de novos detentos, é esperado um aumento da pressão sobre outras unidades prisionais de Pernambuco.
Nos próximos 60 dias, o caso continuará sendo analisado pela Justiça, e novos desdobramentos podem surgir à medida que as investigações avancem. A operação reforça a necessidade de reformas estruturais no sistema penitenciário, além de políticas mais rigorosas para coibir corrupção e tráfico dentro das unidades prisionais.
A expectativa é que os órgãos responsáveis tomem medidas mais rígidas para evitar que novos esquemas criminosos se estabeleçam no sistema carcerário pernambucano.