Era 30 de maio de 1987 quando o Sepultura, ainda longe de ser o gigante do heavy metal brasileiro, fez sua estreia no Nordeste. Um palco improvisado no Teatro João Lyra, em Caruaru, acolheu a banda, recém-reformulada com a entrada de Andreas Kisser, que substituía o guitarrista Jairo Guedez.
A oportunidade surgiu graças a um garoto de apenas 14 anos, Wolney Queiroz, que encontrou o contato do grupo na contracapa do álbum Morbid Visions e decidiu convidá-los. Contra todas as expectativas, a banda enfrentou uma exaustiva viagem de 48 horas de ônibus para o show.
“Foi uma experiência única”, relembra Kisser. “Apesar dos equipamentos improvisados e do som abafado, a energia do público transformou aquele evento em algo memorável.” Entre as músicas tocadas, estavam faixas do Morbid Visions, inéditas de Schizophrenia e covers de Destruction.
De Caruaru ao Classic Hall: O Retorno a Pernambuco
Andreas Kisser e Paulo Xisto, remanescentes da formação clássica, retornaram a Pernambuco no último sábado (16) com a turnê “Celebrating Life Through Death”, no Classic Hall, em Olinda. Este será o último show da banda em 2024, marcando um capítulo especial nos 40 anos do Sepultura.
A formação atual traz, além de Kisser e Xisto, Derrick Green nos vocais e Greyson Nekrutman, jovem baterista de 22 anos, que assumiu o posto de Eloy Casagrande. Andreas elogia o novo integrante:
“O Greyson é fenomenal, muito dedicado. Ele já está entrosado e trouxe uma nova energia para a banda.”
Celebrando 40 Anos com Turnê Global e Álbum ao Vivo
Desde o início de 2024, o Sepultura percorreu cidades no Brasil, América do Sul, América do Norte e Europa, celebrando suas quatro décadas de história. A turnê, que será registrada no álbum ao vivo Celebrating Life Through Death, incluirá 40 músicas gravadas em 40 cidades diferentes.
Com 1h30 de show, o setlist passeia por clássicos dos anos 1980 e 1990, além de músicas mais recentes, como as do álbum Quadra (2020). Este trabalho foi amplamente aclamado pela crítica e pelos fãs como uma obra madura e técnica.
Para Andreas Kisser, cada álbum reflete uma fase única da banda:
“Não dá para comparar Roots com Morbid Visions, ou Quadra com os discos do passado. São momentos diferentes, mas, sem dúvida, Quadra é o que nos representa hoje. É onde estamos no auge da nossa técnica e criatividade.”
Possíveis Novos Encontros com Pernambuco
Embora o show do último sábado encerre o calendário da turnê em 2024, Andreas Kisser não descarta o retorno a Pernambuco antes da conclusão da turnê em 2026.
“Queremos revisitar lugares, explorar novos destinos e criar mais parcerias. Estamos vivendo uma fase criativa e intensa. O presente tem sido maravilhoso para nós.”
Do Palco Improvisado à Consagração
O Sepultura, que começou com shows improvisados e público apaixonado, agora celebra sua trajetória como um dos maiores expoentes do heavy metal mundial. Para os fãs pernambucanos, o show deste sábado não será apenas uma apresentação; será um reencontro com a história e a energia visceral de uma banda que nunca deixou de se reinventar